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terça-feira, 27 de julho de 2010

Construir a inclusão

A construção do olhar para a diferença.


Ao longo da história o ser humano buscou explicações para todos os fenômenos e assim foi construindo sua existência e procurando compreender as diferenças. As sociedades também estabeleceram profundas divisões entre as classes sociais e foi categorizando o ser humano como desigual. Nesta divisão estrutural foi selecionando as pessoas como: ricas-pobres; brancas-negras; novas-velhas; superiores-inferiores; dominados-dominantes; normais e desviantes. Construindo grupos minoritários e marginalizados segundo suas diferenças, fazendo com que estes grupos até hoje ainda lutem para que sejam vistos como iguais em diferentes contextos. Neste momento relembro uma frase de Boaventura Santos que fala de igualdade e diferença -temos direito a ser iguais quando a diferença nos inferioriza, temos direito a ser diferentes quando a igualdade nos inferioriza.

Essa retrospectiva tenta demonstrar a construção individual e coletiva destes grupos considerados desviantes, até porque a nossa cultura está muito arraigada aos conceitos construídos na história da humanidade. Portanto no contexto social, evidenciam-se as mais variadas formas de preconceito/exclusão e/ou aceitação/inclusão dependendo do que se apresente como "diferente". Por exemplo aquele que não lê; não escreve; não anda; não acompanha o ritmo dos outros; não fala corretamente ou necessita de recursos materiais ou dos demais para a sua movimentação, alimentação e sobrevivência. Neste contexto também encontramos o paralisado cerebral (PC), possuidor de uma variedade de diferenças envolvendo a movimentação, coordenação e as vezes a fala, e inserido como desviante dos padrões considerados normais para a sociedade. Este é um momento de reflexão e questionamentos entre eles: Como poderemos ajudar enquanto educadores para desconstruir esse olhar estigmatizante aos ditos diferentes? Esta é a nossa preocupação como membro de uma sociedade ainda seletiva, desigual e excludente.

Integração e Inclusão

O movimento da integração surgiu na década de 60, direcionado para as pessoas com deficiência, estes para participarem do sistema educacional, deveriam adaptar-se às exigências da escola. Já a inclusão se propõe a trabalhar com a diversidade, todos da comunidade no mesmo espaço, incluídos na apropriação e construção do conhecimento. Visualizando a diversidade não como um problema, mas como uma oportunidade de desenvolvimento pessoal, social e educacional para todos.

Preocupados com estes temas e suas práticas direcionamos uma atividade de pesquisa para um grupo de alunos e constatamos através das respostas de 23 professores que: 21% dos entrevistados acham que a inclusão não existe, 13% dizem que ela existe, porém é uma tentativa, falha, lenta que está se elaborando, sua ação está mais para integração, etc., e 26% dos entrevistados concluem que para que a inclusão aconteça primeiro os professores necessitam de capacitação.

Constatamos então que a inclusão ainda é um desafio para todos, mas que também é um processo e como tal necessita de tempo e condições para se estruturar adequadamente

Representando a Inclusão

O grande desafio no nosso tempo é reconhecer, conviver, acreditar e trabalhar com a diversidade, temos que nos conscientizar que todas as pessoas possuem valores, competências, bagagem cultural e diferenças. O nosso olhar para a diversidade possibilitará uma abertura para todos os excluídos socialmente e que buscam uma forma de representação condizente com o que é considerado dentro dos padrões de "normalidade". Corroborando com Edler, nos excluídos identificamos os rejeitados que consequentemente estarão fora dos nossos espaços: dos nossos valores, da nossa escola, do mercado de trabalho, etc. vítimas de uma representação estigmatizante. Cada pessoa está sempre exposta a diferentes crenças, idéias, opiniões e outros problemas. Para compreende-los, ela constrói representações e as comunicam, estabelecendo um modo de relação com o outro, construindo e identificando como diferente. Para Moscovici as RS "circulam, cruzam se e se cristalizam através de uma fala, um gesto, um encontro em nosso universo cotidiano"(1978, p.41). Será através de uma relação vivenciada com a diversidade que aprenderemos a entrever possibilidades e competências no outro, tudo dependerá de nossa postura, atitude e desejo para que a inclusão seja realmente representada e concretizada.



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